Pesquisar este blog

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Terceirização

Uma das tendências na área de logística nas grandes empresas no Brasil tem sido a terceirização completa ou parcial da área de logística, cada vez mais surgem aqui prestadores de serviços logísticos se especializando para poder atender e assumir a logística das industrias desde as suas atividades operacionais indo até as partes mais estratégicas e de gestão logística.

A exemplo disso está a LG Eletronics que fechou contrato de terceirização das suas atividades logísticas com a Penske Logistics este ano, segundo Carlos Neto, gerente de logística da LG Eletronics Brasil, a decisão pela Penske se deu por sua superioridade técnica, larga experiência no setor de eletrônicos e por suas instalações de alto padrão que são exigidos pela LG e também as localizações de centros de distribuição com os quais a LG contará integralmente.

Serão 3 centros de distribuição da Penske com os quais a LG contará, localizados em Cajamar (São Paulo) com 37.500m² de área, Jabotão dos Guarapes (Pernambuco) com 13.000m² de área e em Salto (São Paulo) com 33.000m² de área exclusiva para operar os estoques da LG. A LG espera assim poder focar suas atividades nos seus produtos e no mercado de eletrônicos ao mesmo tempo que conta com um atendimento especializado e de custo inferior na área.

Os elevados custos que as grandes empresas tem com suas operações logísticas juntamente com a necessidade cada vez maior de se ter uma gestão logística eficiente que atenda a competitividade dos setores são o fator principal que estão impulsionando essa tendência para a terceirização, assim as industrias focam suas atenções em seus produtos principais e contam com uma gestão mais especializada e de menor custo com a logística necessária para suas operações.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

SUSTENTABILIDADE E CADEIA DE SUPRIMENTOS





A reflexão sobre as práticas empresariais, em um contexto marcado pela degradação permanente do meio ambiente e do seu ecossistema, envolve uma necessária preocupação com o tema sobre sustentabilidade. Por isso, a presente postagem, tem por objetivo traçar de forma rápida e sucinta, os principais conceitos que abragem os temas Sustentabilidade e Cadeia de Suprimentos, finalizando com o exemplo de uma empresa que pratica no seu dia-a-dia essa atual forma de gestão.


SUSTENTABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

Segundo Wikipédia, Sustentabilidade é a habilidade, no sentido de capacidade, de sustentar ou suportar uma ou mais condições, exibida por algo ou alguém. É uma característica ou condição de um processo ou de um sistema que permite a sua permanência, em certo nível, por um determinado prazo.

O termo "sustentável" provém do latim sustentare (sustentar; defender; favorecer, apoiar; conservar, cuidar). Segundo o Relatório de Brundtland (1987), o uso sustentável dos recursos naturais deve "suprir as necessidades da geração presente sem afetar a possibilidade das gerações futuras de suprir as suas".

Nesse sentido, a produção de conhecimento deve necessariamente contemplar as inter-relações do meio natural com o social, incluindo a análise dos determinantes do processo, o papel dos diversos atores envolvidos e as formas de organização que aumentam o poder das ações alternativas de um novo desenvolvimento, numa perspectiva que priorize novo perfil de desenvolvimento, com ênfase na sustentabilidade socioambiental.


SUSTENTABILIDADE X ORGANIZAÇÃO


A preocupação ambiental é uma realidade nas organizações modernas. O meio ambiente tornou-se tema de primeira ordem para empresários preocupados com o crescimento global e diferenciado que precisam dar as suas organizações. Não se trata de um despertar tardio da consciência ecológica no ramo empresarial e sim de uma estratégia que pode levar a vantagens competitivas ao promover a melhoria contínua dos resultados ambientais da empresa. Sem falar da minimização dos impactos ambientais das atividades empresariais, que resultarão em considerável ganho financeiro, além de favorecer ao crescimento focado na sustentabilidade.




SUSTENTABILIDADE X CADEIA DE SUPRIMENTOS




O gerenciamento sustentável das cadeias de suprimentos representa, para algumas organizações, a integração e o gerenciamento dos aspectos sociais, éticos, ambientais e econômicos através das cadeias de suprimentos (CHARTER ET AL., 2001). Considere se, entretanto, que estas cadeias representam a produção e o consumo sustentável e envolvem empresas, governo, comunidade e usuários que contribuem com a qualidade ambiental e, conseqüentemente, com a produção e o uso eficientes de recursos naturais, minimização de desperdícios e otimização dos produtos e serviços.

Conforme LAMBERT & COOPER (2000), o gerenciamento de todos os fornecedores a partir do ponto de origem e de todos os produtos/serviços a partir do ponto de consumo envolve um certo grau de complexidade. O foco na política ambiental requer uma maior integração entre todos os elos das cadeias, visando os problemas ambientais e pressupondo que os resultados almejados serão alcançados através da tomada de múltiplas decisões em nível micro.

(MOLTKE & KUIK, 1998) adaptada de Oosterhuis et al, 1996, representa esquematicamente o ciclo de vida do produto ou as distintas etapas consideradas ao longo das cadeias de suprimentos:


As pressões ambientais e sociais impostas sobre as empresas não são de responsabilidade exclusiva de uma organização, mas sim de todos os membros que compõem sua cadeia de suprimentos, pois todos precisam estar envolvidos no atendimento de uma cadeia de suprimentos sustentável que busca satisfazer as necessidades de seus clientes (JOURNAL OF CLEANER PRODUCTION, 2008).

A capacidade de produção mundial precisa ser mais eficiente na utilização dos recursos humanos e naturais com o propósito de contribuir para um desenvolvimento social e ambiental. Assim, as indústrias estão sendo desafiadas a reorganizar suas cadeias de suprimentos ao mesmo tempo em que preservam o meio ambiente e respeitam as comunidades locais. Uma das conseqüências resultantes da preocupação com o desenvolvimento sustentável é a maior preocupação de diferentes stakeholders sobre as práticas produtivas das organizações (VACHON; MAO, 2008).



EXEMPLO DE SUSTENTABILIDADE NA CADEIA DE SUPRIMENTOS


A fabricante de cosméticos Natura, fundada em 1969, é um dos grandes exemplos de empresa que preocupa-se com o gerenciamento sustentável da cadeia de suprimentos.

Ao longo de poucos anos, somente com Natura Ekos(uma das linhas da Natura), foram feitas parcerias com 19 comunidades, abrangendo 1.714 famílias. A linha utiliza 14 ativos da biodiversidade brasileira, cujo fornecimento e repartição de benefícios geraram, ao longo desses anos, mais de R$ 8,5 milhões em recursos.

“Em 2009, revertemos R$ 1,3 milhão ao ano para todas as comunidades fornecedoras de Natura Ekos e, com os novos sabonetes, passamos a reverter R$ 2,6 milhões. Além de valorizar os ativos da biodiversidade, mantendo a floresta em pé, nós nos preocupamos também com as comunidades parceiras, em nos relacionar com elas de forma ética e justa”, explica Gilberto Xandó, diretor de Unidade de Negócio.






A empresa também tem uma forma inovadora de gerenciar o relacionamento com seus fornecedores.

Para assegurar a qualidade na aquisição de insumos, produtos e serviços de terceiros, a Natura assumiu o compromisso de privilegiar os fornecedores que apresentam os melhores padrões de excelência.

A reposta encontrada foi a criação de um processo de acompanhamento e certificação daqueles que atendem ao princípio da sustentabilidade. O padrão adotado para isso é o QLICAR.

O acompanhamento e a avaliação do processo são realizados pela Natura, através de um sistema de pontuação, o "Score Card", capaz de identificar e reconhecer os parceiros que apresentam as melhores práticas dentro dos indicadores pré-estabelecidos.

O Qlicar é aplicável a todos os fornecedores de materiais produtivos (Insumos/Manufatura: Biodiversidade/Matéria Prima; Embalagem; Terceiristas) e de algumas categorias de serviços (Centro de Distribuição, Transportes e Atendimento), desde que previamente qualificados.

  • Qualidade
  • Logística
  • Inovação
  • Custo/Contrato
  • Atendimento
  • Relacionamento

QUALIDADE

O principal objetivo é garantir a conformidade dos materiais ou serviços, assim como o compromisso na adoção de sistemas e políticas sócio-ambientais.O ponto principal é a aprovação na auditoria nos Requisitos de Sistema Integrado.

LOGÍSTICA

Para fornecedores de insumos e produtos, faz parte do planejamento logístico o desenvolvimento de um programa de integração junto com o fornecedor, visando à melhoria do fluxo de materiais e informações e do compartilhamento dos estoques. O aprimoramento do fluxo de informação sobre a demanda, a curto e médio prazos, permitirá que a Natura e o fornecedor criem estoque de segurança com regras pré-estabelecidas, otimizando toda a cadeia de suprimento.

INOVAÇÃO

O objetivo é garantir maior envolvimento do fornecedor nos projetos de desenvolvimento de novos produtos e serviços. Dessa forma, será possível trazer propostas para a Natura que gerem mais agilidade e inovação, agregando valor ao portfólio. Para os prestadores de serviço, buscamos neste quesito projetos e iniciativas que agreguem maior qualidade aos serviços aos clientes, agilidade de informação e melhoria do nível do serviço, através da flexibilização dos processos e da personalização do atendimento prestado ao público cliente.

CUSTO/CONTRATO

Estabelecer e aprimorar o processo de formação de preços entre Natura e fornecedor, assim como adotar políticas claras de reajuste, são as metas neste caso. Com isso, a Natura pretende garantir uma política comercial justa e eqüitativa, baseada na ética, na transparência e no diálogo.

ATENDIMENTO

Os fornecedores de insumos deverão garantir a qualidade no atendimento às solicitações da Natura, sejam elas de caráter logístico ou técnico.Já os prestadores de serviço deverão conquistar a excelência no atendimento e a satisfação do público cliente durante todo o processo.

RELACIONAMENTO

Pesquisas de satisfação são conduzidas com o intuito de avaliar o relacionamento e o atendimento das necessidades da Natura pelo fornecedor. Nesta ocasião, fornecedores também serão convidados a avaliar os processos e políticas da Natura através de questionamentos ou painéis de discussão com o objetivo de aprimorá-los.




Para ter acesso à Política Ambiental da Natura acesse:

http://www.natura.net/port/universo/pman/introducao.asp


Vídeo Complementar (Processo Logístico e Cadeia de Suprimentos NATURA):







Referências Bibliográficas:

Site Oficial Natura

Link: http://www.natura.net

Wikipédia

Link: http://pt.wikipedia.org/

Sustentabilidade na cadeia reversa de suprimentos: um estudo de caso do Projeto Plasma

Link: http://www.revistasusp.sibi.usp.br/pdf/rausp/v42n4/v42n4a3.pdf

ANÁLISE DA INCORPORAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE EM CADEIAS DE SUPRIMENTOS INDUSTRIAIS DO RS

Link: http://www.simpoi.fgvsp.br/arquivo/2010/artigos/E2010_T00180_PCN79997.pdf

EDUCAÇÃO AMBIENTAL, CIDADANIA E SUSTENTABILIDADE

Link: http://www.scielo.br/pdf/cp/n118/16834.pdf

PROPOSTA DE INTEGRAÇÃO DAS CADEIAS DE SUPRIMENTOS DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL ATRAVÉS DO GERENCIAMENTO SUSTENTÁVEL

Link: http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2002_TR19_0303.pdf


Cadeia de Suprimentos Solidária

Um Novo Tipo de Cadeia de Suprimentos: a Cadeia de Suprimentos Solidária

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo mostrar aos leitores um novo tipo de cadeia de suprimentos: a cadeia de suprimentos solidária. Esta é baseada nos pressupostos da economia solidária e, ao analisarmos os conceitos sobre a economia solidária, poderemos traçar um perfil mais detalhado do que é e o que representa para as pessoas, as empresas e o meio ambiente a cadeia de suprimentos solidária, avaliando seus impactos, especialmente aqueles que têm um reflexo mais positivo para a sociedade em geral. Além disso, será apresentado o exemplo de uma empresa que utiliza esse tipo de cadeia de suprimentos, realizando a coleta e a seleção de recicláveis.

Palavras chave: cadeia de suprimentos solidária, economia solidária, coleta e seleção de recicláveis, impactos positivos.

Introdução

O gerenciamento da cadeia de suprimentos definitivamente se consolidou como prática empresarial e disciplina acadêmica. Ao longo de duas décadas, seu desenvolvimento propiciou o surgimento de modelos especializados de gestão em função de alguma particularidade apresentada pela cadeia de suprimentos, seja esta particularidade relacionada a aspectos estratégicos do produto ou de mercado, ou seja, relacionada a alguma característica da própria forma de organização da cadeia de suprimentos.

Apresentaremos aqui um exemplo de cadeia de suprimentos solidária baseada, principalmente, nos conceitos de cooperação e colaboração, típicos da economia solidária.

Origem da Cadeia de Suprimentos

A cadeia de suprimentos tem origem a partir do desenvolvimento da logística empresarial que, por sua vez, evoluiu de diferentes áreas da produção, transportes e movimentação de material, que convergiram para cunhar o conceito de cadeia de suprimentos. Nesta perspectiva, a apresentação do conceito de logística empresarial se faz necessária para uma melhor compreensão do conceito de cadeia de suprimentos.

Segundo a CSCMP -- Counsil of Supply Chain Management Professional—(CSCMP, 2009):

“Logística empresarial é a parte da cadeia de suprimentos que planeja, implementa e controla, de modo eficiente e eficaz, o fluxo direto e reverso e a armazenagem de bens, serviços e informações relativas desde o ponto de origem até o ponto de consumo de modo a atender os requisitos dos clientes”.

Com o avanço da logística empresarial surge, pois, o advento da cadeia de suprimentos que traz um novo modelo de negócio, buscando a máxima da eficiência logística ao longo das empresas envolvidas no fornecimento do produto, expandindo as operações logísticas e as decisões de modo a envolver todos os elos participantes, de tal maneira que os produtos ou serviços cheguem às mãos do consumidor final ao menor custo e com níveis de serviços elevados.

Cadeias de Suprimentos Especializadas

Nessa parte, iremos explicar dois tipos específicos de cadeias de suprimentos especializadas: a cadeia de suprimentos verde e sustentável bem como a cadeia de suprimentos solidária.

De acordo com Darnall et al. (2008) as cadeias de suprimentos verdes são cadeias de suprimentos que exigem das empresas constituintes a avaliação de seu desempenho ambiental e obrigam os fornecedores a adotarem medidas que garantam a qualidade ambiental de seus produtos e avaliar o custo dos resíduos de seus processos produtivos.

Antes, entretanto, de explicarmos o que é a cadeia de suprimentos solidária, introduziremos os conceitos e os pressupostos da economia solidária, relevantes e importantíssimos para a formação desse exemplo de cadeia especializada.

A economia solidária, de acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (2010), é um jeito diferente de produzir, vender, comprar e trocar o que é preciso para viver. Sem explorar os outros, sem querer levar vantagem, sem destruir o ambiente. Cooperando, fortalecendo o grupo, cada um pensando no bem de todos e no próprio bem. Além disso, a economia solidária baseia-se nos seguintes princípios fundamentais:

  • · Cooperação: existência de interesses e objetivos comuns, união dos esforços e capacidades, propriedade coletiva parcial ou total de bens, partilha dos resultados e responsabilidade solidária diante das dificuldades.
  • · Autogestão: exercício de práticas participativas de autogestão nos processos de trabalho, nas definições estratégicas e cotidianas dos empreendimentos, na direção e coordenação das ações nos seus diversos graus e interesses.
  • · Dimensão Econômica: agregação de esforços, recursos e conhecimentos para viabilizar as iniciativas coletivas de produção, prestação de serviços, beneficiamento, crédito, comercialização e consumo.
  • · Solidariedade: preocupação permanente com a justa distribuição dos resultados e a melhoria das condições de vida dos participantes. Comprometimento com o meio ambiente saudável e com a comunidade, com movimentos emancipatórios e com o bem estar de trabalhadoras e consumidoras.

O Atlas da Economia Solidária do Brasil (2005) identificou 14.954 empreendimentos econômicos solidários (EES) em 2.274 municípios do país, o que representa uma taxa de 41%. Há uma maior concentração dos EES na região Nordeste, com 44%; 13% na região Norte; 14% na região Sudeste; 12% na região Centro-Oeste e 17% na região Sul.

Definição da Cadeia de Suprimentos Solidária

Partindo do pressuposto que se faz necessário postular um novo modelo de gestão de cadeias de suprimentos para atender os EES que se configuram como cadeias de suprimentos, iremos criar aqui o conceito de cadeia de suprimentos solidária.

Utilizando o conceito de cadeia de suprimentos dada por Christopher (2009) e adaptando-a para contemplar as características da economia solidária, é proposta a seguinte definição de cadeia de suprimentos solidária:

“uma rede de organizações conectadas e interdependentes, com a presença de organizações autogestionadas, trabalhando conjuntamente, em regime de solidariedade e cooperação mútua, para controlar, gerenciar e aperfeiçoar o fluxo de matérias-primas e informações dos fornecedores para os clientes finais com o propósito de viabilizar iniciativas coletivas e da geração de emprego e renda”

Esta definição exige a presença de uma organização autogestionada, porém, não é necessário que todas as organizações que compõem a cadeia de suprimentos solidária sejam autogestionadas, pois, na maioria dos casos, as cadeias de suprimentos solidárias compram de fornecedores tradicionais e buscam canais de distribuição tradicionais.

O regime da solidariedade é outro pressuposto da economia solidária que se faz presente nesta cadeia de suprimentos, porém, a solidariedade pode se apresentar somente em alguns elos desta cadeia visto que em algum ponto da cadeia de suprimentos solidária a prática comercial ocorrerá da forma tradicional e o regime de solidariedade desaparecerá. Isto poderá ocorrer na compra de matéria- prima de fornecedores tradicionais ou quando o produto for adquirido pelo consumidor final já que esse não irá querer comprar algo por solidariedade se tal produto não atender às suas necessidades básicas.

Finalmente, a cadeia de suprimentos solidária tem objetivos simultâneos, como o atendimento das necessidades do consumidor (para se manter competitivo) e ainda viabilizar as iniciativas coletivas e a geração do trabalho e renda (pressupostos da economia solidária).

A seguir é apresentado um exemplo de cadeia de suprimentos solidária que reúne estes princípios e ilustra este novo modelo de gestão da cadeia de suprimentos.

Um Exemplo de Cadeia de Suprimentos Solidária

Iremos apresentar a seguir um exemplo de cadeia de suprimentos solidária formado pelas cooperativas populares de coleta e seleção de recicláveis incubadas pelo Centro de Referência em Cooperativismo e Associativismo (CRCA) na Região Metropolitana de Campinas.

O CRCA foi fundado em 2002, como decorrência do trabalho desenvolvido pela Cáritas Arquidiocesana de Campinas com o programa “Luxo do Lixo” que incentivava a criação de cooperativas de coleta e manuseio de materiais recicláveis. Devido às dificuldades encontradas pelos cooperados em gerenciar seu empreendimento econômico em função da baixa escolaridade e qualificação profissional destes trabalhadores, foi criado então o CRCA.

Atualmente, o CRCA incumba e assessora oito cooperativas de coleta e seleção de recicláveis, sendo que sete destas estão localizadas em Campinas e uma em Valinhos, SP. Juntas, reúnem cerca de 150 cooperados. Os primeiros seis anos de existência do CRCA foram marcados por intensos esforços no sentido de assegurar às cooperativas populares condições dignas e mínimas para o trabalho. São frutos, pois, destes esforços:

  • · A posse dos terrenos onde funcionam as cooperativas populares;
  • · A elaboração de estatutos, conselhos gestores e demais obrigações para formalizar a situação como sociedade cooperativa devidamente registrada e autorizada a funcionar;
  • · A existência de registros para controlar o volume de entrada e saída de materiais e das horas trabalhadas por cada cooperado de modo a efetuar o rateio das divisas obtidas;
  • · O recolhimento de impostos, em especial a previdência social;
  • · A melhoria da infra-estrutura, retirando-os de lixões e barracas para galpões de alvenaria com refeitório, sanitários, escritório, prensas e mesas de separação;
  • · A formação de parcerias com empresas públicas e privadas, com o departamento de limpeza urbana e outras organizações de modo a garantir volume e regularidade no recebimento de materiais, eliminando a figura do “catador de lixo” das ruas.

Todos esses esforços resultaram num incremento da capacidade de produção das cooperativas, atingindo grande volume e regularidade de produção. Porém, as oito cooperativas atendidas pelo CRCA atuavam independentemente, recebendo sua cota de material proveniente da empresa de limpeza urbana e os separavam e vendiam de modo independente das demais cooperativas, mesmo sendo todas encubadas pelo CRCA.

À medida que as cooperativas aumentavam sua capacidade de produção, aumentavam também suas receitas. Isto permitiu um aumento na renda dos cooperados e, sobretudo, que fossem feitos investimentos na infra-estrutura das cooperativas. Em 2007, foram comprados dois caminhões utilizando recursos de todas as cooperativas. Tais caminhões são utilizados de forma compartilhada por todos os cooperados e –exatamente- esse compartilhamento foi um dos elementos que ajudaram as cooperativas a evoluírem para uma cadeia de suprimentos.

Outro elemento fundamental para constituir a cadeia de suprimentos solidária foi a criação da Reciclamp. Esta é uma cooperativa que tem a função de consolidar a produção e fazer a venda conjunta dos produtos. Dentro desse contexto, vemos que a prática diária de coleta de material nas fontes de suprimento revela os atributos de cooperação e solidariedade que devem estar presentes para configurar uma cadeia de suprimentos solidária. A solidariedade se manifesta na iniciativa das empresas em doarem seus materiais recicláveis às cooperativas e o regime de cooperação se manifesta no uso compartilhado dos veículos que fazem a coleta e também na decisão de qual cooperativa irá receber o material em função dos níveis de estoque, priorizando a cooperativa com o menor estoque de material.

Com a Reciclamp surgiram questões que são comuns às cadeias de suprimentos, como o efeito da incerteza na previsão das vendas, a gestão conjunta dos estoques e planejamento colaborativo da produção e coleta de material. Através da Reciclamp, os conceitos de colaboração e coordenação na gestão atingiram o ápice nas cooperativas.

Verificamos , portanto, que – em relação ao fluxo de informações e decisão- este é um exemplo de cadeia de suprimentos centralizada, sendo a Reciclamp o elo centralizador das informações e tomador das decisões de produção e coleta. Também é possível caracterizar essa cadeia de suprimentos solidária como uma cadeia de suprimentos verde e sustentável, já que contribuem significativamente para a redução dos resíduos sólidos nos centros urbanos.

Conclusões

Podemos observar, em resumo, que na cadeia de suprimentos solidária é muito importante que o fluxo de matérias-primas e informações sejam passados dos fornecedores para os clientes de forma a viabilizar iniciativas coletivas, buscando ainda implementar os conceitos de colaboração, cooperação e solidariedade, típicos da economia solidária.

Cabe ressaltar também que a cadeia de suprimentos solidária, além de garantir uma maior participação das pessoas no processo decisório e de ocorrer a distribuição parcial ou total de bens, ela traz consigo ideais da cadeia de suprimentos verde, principalmente a preocupação com o meio ambiente. Isso é bastante relevante para os dias atuais em vista dos problemas de poluição causados por algumas pessoas. Essa preocupação das cadeias de suprimentos verde e solidária busca atenuar essa realidade e, conseqüentemente, melhorar a vida da fauna e flora e junto da sociedade em geral.

Em relação às cooperativas populares, ficou bastante evidente os desafios enfrentados por seus idealizadores. Apesar disso, eles conseguiram se organizar como uma cadeia de suprimentos solidária, e implementaram os pressupostos da economia solidária aumentando, pois, sua eficiência operacional, sua capacidade de produção e ainda contribuíram para o princípio fundamental da geração de trabalho e renda dos empreendimentos econômicos solidários.

Referência

Página na internet:

http://www.simpoi.fgvsp.br/arquivo/2011/artigos/E2011_T00335_PCN36558.pdf