Um grande número de empresas tem se preocupado em criar
uma boa imagem frente à sociedade e conquistar um relacionamento duradouro com
seus clientes. Sendo assim, não apenas as empresas, mas sim toda a cadeia de
suprimentos do tabaco, tem incrementado atribuições de responsabilidade
socioambiental para atingir seus objetivos, tendo em vista que suas atividades
promovem impactos na sociedade e no meio ambiente. Uma empresa socioambiental é
aquela que além de ocupar uma postura ética faz mais do que a lei prevê nas
suas dependências entorno de sua região, microregião e macroregião, buscando o
bem estar dos indivíduos e do ambiente.
O ramo da produção do tabaco apresenta uma cadeia
de suprimentos complexa, relevante e contestada socialmente por entidades
brasileiras, pois além de envolver atividades nos três setores econômicos,
atinge o consumidor final com um produto de ampla contestação, em face dos problemas
de saúde que tem acarretado a seus usuários. Dessa forma, muitas vezes se torna
difícil a visualização de uma postura de responsabilidade socioambiental em uma
cadeia de suprimentos do tabaco.
Segundo Poirier e Reiter a cadeia de suprimentos
pode ser sumariamente apresentada por meio de cinco grandes elos: as fontes, os
fornecedores, os fabricantes, os distribuidores/varejistas e os consumidores. O
cultivo do fumo envolve a utilização de um alto volume de agrotóxicos, que se
torna extremamente nocivo para a natureza e principalmente para os seres
humanos, em especial os produtores, os quais muitas vezes fazem uso de modo
inadequado destes produtos. Segundo estudos de Torres (2006), a fumicultura
ficou entre os cinco cultivos de maior uso de pesticidas por hectare no Brasil.
Não apenas os agrotóxicos, mas também a própria exposição dos agricultores à
nicotina durante a colheita da folha de fumo traz grandes riscos a saúde. Para
amenizar e mudar esses aspectos negativos do cenário, as indústrias de tabaco
têm disponibilizado aos produtores cursos de orientação e conscientização para
uma produção livre de impurezas e toxidade, como também tem acompanhado os
produtores e prestado consultorias durante o cultivo.
A indústria do tabaco faz intensas campanhas de
marketing, uso de poder econômico nos tribunais e ações de lobby junto aos
governos, o que acaba impedindo restrições mais eficazes quanto às
conseqüências negativas do produto. A comunicação de marketing das indústrias
do setor tem atuado de forma agressiva com os consumidores e tem sido pouco
transparente com a mídia sobre os efeitos nocivos de seus produtos. As
indústrias do setor têm desenvolvido projetos corporativos para evitar o acesso
ao consumo de cigarro pelos menores, atividades de alfabetização de adultos e
prevenção à erradicação do trabalho infantil. Mas segundo Bueno (2005) esses
trabalhos para uma atuação sustentável parecem contraditórios, pois essas
indústrias trabalham com um produto prejudicial à saúde.
Mesmo com uma extensa legislação que proíbe a venda
do tabaco em estabelecimentos de ensino e saúde, via internet, a menores de idade
e fracionada, o cigarro ainda é vendido em lugares não exclusivos. Muitas vezes
os pontos de venda desse produto são padarias, lanchonetes e bares, onde o
produto está exposto ao lado de chocolates e balas, não cumprindo uma postura
de dificultar a venda para menores de 18 anos.
O hábito de fumar está ligado à obtenção de status,
prazer, aceitação social ou desafio de usos e costumes. O ato de fumar em
quaisquer ambientes tem contribuído com o surgimento de diversas doenças
ligadas ao sistema respiratório e cardiovascular, e não somente nos fumantes,
mas também nos fumantes passivos. São inúmeras as tentativas do governo em
reduzir o consumo de tabaco, as quais se traduzem em leis cada vez mais rígidas,
como por exemplo: proibição de propaganda em meios de comunicação de massa e a
inclusão na embalagem do produto de advertências sobre seus malefícios.
Percebe-se que as indústrias de tabaco direcionam
grandes esforços em trabalhos para tentar “cobrir” esses aspectos negativos
criados e presentes na cadeia de suprimentos do tabaco, e acabam não trabalhando
os pontos críticos, o que na verdade é muito complicado e delicado de ser
feito. Dessa forma, existe uma tentativa, por parte das indústrias de tabaco,
de ilustrar uma cadeia de suprimentos responsável socioambientalmente, que acaba
sendo fortemente questionado. Esse conceito aplicado à cadeia de suprimentos do
tabaco acaba sendo contraditório, pela própria natureza lesiva do produto em
toda cadeia produtiva.
Referências:
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