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domingo, 11 de setembro de 2011

Logística reversa: Modismo ou ferramenta indispensável?


Sabemos que a Logística é a área responsável por prover recursos, equipamentos e informações para a execução de todas as atividades de uma empresa, dentre elas o transporte, movimentação de materiais, armazenamento, processamento dos pedidos e o gerenciamento das informações. Resumindo, é a arte de comprar, receber, armazenar, separar, expedir, transportar e entregar o produto/serviço certo, na hora certa, no lugar certo, ao menor custo possível.

A Associação Brasileira de Logística define Logística como o processo de planejamento, implementação e controle do fluxo e armazenagem eficientes e de baixo custo de matérias primas, estoque em processo, produto acabado e informações relacionadas, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender aos requisitos do cliente.

Inversamente, a Logística Reversa é a área da logística que trata dos aspectos relacionados ao retorno dos produtos, embalagens ou materiais ao seu centro produtivo. O principal objetivo é atender os princípios de sustentabilidade ambiental, buscando uma produção limpa, onde quem produz se responsabiliza pelo destino final dos produtos gerados, reduzindo assim o impacto ambiental causado por eles.

Para Rogers & Tibben-Lembke (1999), a Logística Reversa se define como o processo de planejamento, implementação e controle do fluxo eficiente e de baixo custo de matérias primas, estoque em processo, produto acabado e informações relacionadas, desde o ponto de consumo até o ponto de origem, com o propósito de recuperação de valor ou descarte apropriado para coleta e tratamento de lixo.

Importância da Logística Reversa

Em tempos de aquecimento global e tudo que envolve a preservação ambiental, uma novidade vem ganhando espaço no mercado. Trata-se da Logística Reversa, que é a área da Logística que trata dos aspectos de retorno dos produtos, embalagens ou materiais ao seu centro produtivo. Seu principal objetivo é atender os princípios de sustentabilidade ambiental, buscando uma produção limpa, onde quem produz se responsabiliza pelo destino final dos produtos gerados, reduzindo assim o impacto ambiental causado por eles. Como bons exemplos, podemos mencionar a iniciativa de grandes empresas como a Natura, que desde 1983 adotou a modalidade de refil dos produtos, utilizando menos recursos naturais e produzindo menos lixo, além da utilização do álcool orgânico, livre de queimadas e agrotóxicos e adoção em 2007 do carbono neutro, como forma de neutralizar os efeitos de sua produção no meio ambiente. Também temos O Boticário, que acaba de lançar o programa Bioconsciência, no qual os consumidores são convidados a devolver nas lojas as embalagens vazias, para que sejam repassadas a empresas recicladoras, que as devolvem em forma de outros produtos no mercado, reduzindo assim a quantidade de resíduos dispostos incorretamente, além de adotar a coleta seletiva. Destacamos ainda no Brasil, a utilização cada vez maior do PET (Poli Tereftalato de Etileno) reciclado, que teve inicio em 1988 na área têxtil e ganhou aliados em 1993 com as embalagens das indústrias de refrigerante, sendo também utilizado na produção de resinas químicas, tubos, chapas laminadas, fitas de arquear, além de ser exportado. Segundo a Associação Brasileira de Embalagem – ABRE o Brasil, mesmo comparado a países desenvolvidos, apresenta elevados índices de reciclagem. Podemos citar a reciclagem do vidro, que corresponde a 46% de suas embalagens, sendo que em 2003, 45% do total do vidro que circulou no mercado nacional foi reciclado. Em 2004, 33% do papel que circulou no país retornou à produção através da reciclagem.

A embalagem longa vida tem uma taxa de reciclagem mundial pós-consumo de 16%, sendo que o Brasil em 2003 teve um índice de 20%. O Brasil também recicla cerca de 70% de todo o aço produzido anualmente e em 2003, 47% das latas de aço consumidas no Brasil passou pelo processo. Em 2005, o país reciclou aproximadamente 9,4 bilhões de latas de alumínio (127,60 mil toneladas), correspondendo a 96% da produção nacional. Quanto aos plásticos rígidos e filmes, no Brasil são reciclados 16,5%, sendo aproximadamente 200 mil toneladas/ano, sendo o 4º pais na reciclagem mecânica de plásticos.

A Logística Reversa engloba as operações relacionadas à reutilização de produtos e materiais, sendo a coleta, desmonte e processamento dos produtos/materiais e peças usados, bem como ao fluxo de materiais que voltam à empresa, seja por devoluções de clientes, atendimento à legislação, entre outros. Por ser uma área que a princípio não envolve lucro (pelo contrário, apenas custos) a maiorias das empresas não dão a mesma atenção dispensada ao fluxo de saída normal de produtos. Mas atualmente vemos a adesão de grandes empresas ao processo, bem como certa revolução em nossa literatura relacionada ao tema. Para Lambert et al. (1998, p.13-19), dentre as atividades que compõem a administração logística de uma empresa, duas especialmente, dizem respeito à Logística Reversa: O reaproveitamento e remoção de refugo e a administração de devoluções. O reaproveitamento e remoção de refugos trata do estudo e gerenciamento do modo como os subprodutos do processo produtivo serão descartados ou reincorporados ao processo, o que vem ampliando a responsabilidade dos fabricantes sobre seus produtos, graças às legislações ambientais mais rígidas. O fabricante se responsabiliza pelo refugo gerado em seu próprio processo produtivo, além do produto até o final de sua vida útil.

Logística Reversa: Custos, motivos e causas

De acordo com a Associação Brasileira de Movimentação e Logística, embora não tenhamos dados precisos sobre o que representam em valores os custos da Logística Reversa no Brasil, mas considerando-se o mercado americano e comparando ao Brasil, supõe-se que seja de aproximadamente 4% dos custos totais de Logística, que foi de US$ 153 bilhões em 1998.

RevLog, aponta como principais razões da adesão das empresas à Logística Reversa:

a) A Legislação Ambiental, que cobra maior responsabilidade dos fornecedores sobre seus produtos e subprodutos;

b) Redução de custos com o retorno dos produtos/matérias ao centro de produção, evitando maiores gastos com o descarte correto do lixo; e

c) A crescente conscientização ambiental dos consumidores.

Já Rogers & Tibben-Lembke (1999) vão além e apontam outros motivos estratégicos, tais como:

a) Razões competitivas – Diferenciação do serviço;

b) Limpeza do canal de distribuição;

c) Proteção da margem de lucro; e

d) Recaptura de valor e recuperação de ativos.

A verdade é que, independente dos motivos, se uma empresa que se preocupa com o retorno de seus produtos/matérias ao centro produtivo e com a administração desse fluxo, está praticando a Logística Reversa. Praticamente os mesmos elementos de um plano logístico convencional são utilizados no planejamento de Logística Reversa: nível de serviço, armazenagem, transporte, nível de estoques, fluxo de materiais e sistema de informações, mas não é tarefa fácil integrá-las na área logística de uma empresa, uma vez que o processo do fluxo reverso apresenta suas incertezas com relação à quantidade e qualidade. Por isso, a maioria dos autores acredita que as equipes responsáveis pela logística tradicional e pela Logística Reversa devem ser independentes, já que as características dos fluxos com os quais elas lidam são bastante diferentes. Determinados o volume e as características do fluxo reverso, deve-se estabelecer os locais de armazenagem, os níveis de estoque, o tipo de transporte a ser utilizado e em que fase se dará o retorno no fluxo normal do produto. O sistema logístico da empresa deve estar preparado para esse fluxo reverso, pois qualquer falha pode aranhar a imagem da companhia.

Krikke (1998, p. 154), apresenta as quatro diferenças entre os sistemas de logística com fluxo normal e a Logística Reversa:

1) Na Logística Reversa, a quantidade de lixo produzido, bem como a distinção entre o que é reciclável do que é lixo indesejado, não pode ser influenciada pelo produtor e deverá ser igualada à demanda de produtos, uma vez que a quantidade de descarte já é limitada em muitos países;

2) Os fluxos tradicionais de logística são basicamente divergentes, enquanto que os fluxos reversos podem ser fortemente convergentes e divergentes ao mesmo tempo;

3) Os fluxos de retorno seguem um diagrama de processamento pré-definido, no qual produtos descartados são transformados em produtos secundários, componentes e materiais. No fluxo normal esta transformação acontece em uma unidade de produção, que serve como fornecedora da rede; e

4) Na Logística Reversa, os processos de transformação tendem a ser incorporados na rede de distribuição, cobrindo todo o processo de produção, da oferta (descarte) à demanda (reutilização).

Para Lacerda (2002), são seis os fatores críticos que influenciam na eficiência do processo de logística reversa:

a) bons controles de entrada;

b) processos mapeados e formalizados;

c) tempo de ciclo reduzidos;

d) sistemas de informação;

e) rede logística planejada; e

f) relações colaborativas entre clientes e fornecedores. Quanto mais ajustados esses fatores, melhor o desempenho do sistema logístico.

À medida que se eleva o consumo no país, aumenta-se a produção e a necessidade de integração entre empresa – consumidor – meio ambiente. Tais exigências podem vir em forma de legislações ambientais mais severas, maiores exigências do consumidor pelo produto, visão futurista dos empresários, entre outros e a implantação da logística reversa na pós-venda pode atender objetivos puramente comerciais, como competitividade dos serviços, fidelização de clientes, bem como os relacionados às legislações ambientais e a própria preocupação com a imagem corporativa.

Como na Logística Reversa, as empresas têm responsabilidade pelo retorno do produto à empresa, seja para reciclagem ou para descarte, deverão ter um sistema que permita administrar os custos dos produtos desde a fabricação até o fim de sua vida útil, o que possibilitaria destacar as receitas e despesas de cada produto em cada estágio, levando em consideração também a forma de descarte ou reaproveitamento dos produtos/matérias. Certamente, é apenas um questão de tempo até as empresas aderirem à pratica da Logística Reversa, que vem se firmando cada vez mais como uma ferramenta indispensável no dia a dia. Quanto antes tiverem essa consciência e buscarem melhor forma de produzir, tanto em quantidade como em qualidade e se responsabilizarem pela própria produção sob todos os aspectos, maiores serão sua vantagens sobre as concorrentes, a começar pelos custos menores e a conseqüente melhora no serviço ao consumidor.



Postador em: http://www.ietec.com.br por Emerson Geraldo Camilo Gonçalves Administrador de Empresas, Gerente de Operações da GRSA – grupo de solução em alimentação e pós-graduado em Gestão da Logística pelo Ietec.


3 comentários:

  1. Excelente artigo, me ajudou muito no meu trabalho da faculdade. Parabéns e obrigado!

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  2. Muito interessante!!! Todas as grandes empresas deveriam ser responsáveis por seus resíduos para não pagarmos o preço da falta de consciencia ecológica empresarial.

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  3. Tem muitas empresas também que diminuíram o tamanho das embalagens dos produtos sem afetar o conteúdo para gerar menos lixo, outras que montam os equipamentos que comercializam pensando na facilidade que vão ter em desmontar para reciclar depois e também que procuram utilizar materiais reciclados na produção de produtos novos!!! :D

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