Compras, área estratégica nas organizações.
Os investimentos feitos nos últimos anos pelas empresas atuantes no
Brasil na área de Compras resultam em melhorias significativas nos
indicadores de desempenho. Um dos indicadores mais monitorados é o saving,
segundo o Panorama do Instituto de Logística e Supply Chain (ILOS) de
2010. Ele mostra que, entre 2007 e 2009, registrou-se melhora de 81%
nesse indicador. As empresas estimaram, em média, 6,8% de saving no período.
Com o cenário econômico atual, cada vez mais as empresas se preocupam
com redução de custos associada ao não comprometimento da qualidade do
produto ou serviço. É neste momento que a área de Compras se destaca e
mostra sua importância para as organizações. Ao atuar na negociação de
preços, prazos de entrega, vigência de contrato e condições de
pagamento, ela se torna estratégica. Essa área de atuação ainda busca
novos fornecedores, novas soluções e oportunidades que atendam à demanda
da companhia.
Por que o departamento de Compras deve ser considerado uma área estratégica nas organizações?
Para irmos a fundo na questão, devemos lembrar que o principal
objetivo da área de Compras é adquirir os materiais certos, com a
qualidade exigida pelo cliente, nas quantidades necessárias, no prazo
requerido, nas melhores condições e no fornecedor correto. Além disso, o
setor pode ser dividido em duas categorias: investimento e consumo.
A categoria de investimento reúne a aquisição de bens e equipamentos
que compõem o ativo da empresa. Também se pode enquadrar na categoria a
construção de uma nova unidade da companhia ou a expansão de uma unidade
existente.
A segunda categoria, de consumo, pode ser subdivida em materiais
produtivos, ou seja, aqueles que fazem parte do processo de produção,
como a matéria-prima que forma o produto final. A outra subcategoria,
materiais improdutivos, engloba serviços de apoio, como limpeza,
segurança e manutenção, além de produtos consumidos rotineiramente, de
consumo forçado ou de custeio que não integram de forma direta o produto
final.
Para entender o desenvolvimento do setor de Compras de um modo geral,
dividiremos essa evolução em quatro estágios. O primeiro – reativo – é
caracterizado pelo pouco valor agregado resultante do trabalho de
Compras. O departamento requisitante realiza quase todas as atividades
associadas à negociação para aquisição do item, enquanto o comprador
apenas operacionaliza a transação, emitindo a ordem de compra e
acompanhando a entrega. Consideramos, o comprador como “colocador de
pedido” e, por causa da falta de planejamento, a área de compras
desempenha o papel de “apagar incêndios”.
No segundo estágio – mecânico –, as aquisições passam a ser
conduzidas dentro do departamento de Compras, pelo colaborador que
possui as habilidades necessárias para o tipo de aquisição planejada. As
comunicações com os outros departamentos e usuários são incentivadas
com o propósito de aprimorar o entendimento das necessidades do cliente
interno.
O terceiro estágio – proativo – conta com a participação do cliente
interno nas aquisições realizadas, garantindo que todos os aspectos
técnicos e de custo total sejam considerados. Inicia-se a prática de dar
suporte à estratégia competitiva da empresa por meio da adoção de
técnicas, métodos e atividades que fortaleçam seu desempenho.
O quarto estágio é o estratégico. Nele, existe total integração da
área de Compras com a estratégia competitiva da empresa. Nesse estágio, a
estrutura organizacional também é importante, visto que o momento
requer acesso ao alto escalão da organização, permitindo que o
departamento de Compras tenha acesso às estratégias de médio e longo
prazos da empresa para que possa trabalhar e transmitir as informações
estratégicas de forma rápida ao mercado fornecedor, sem provocar impacto
na competitividade da empresa.
Em síntese, a Área de Compras vem evoluindo, de uma forma geral, no
conceito em relação ao mercado e também em relação a outras áreas
internas da empresa. Cada vez mais, nota-se que reduzindo o custo nas
negociações dos compradores, o impacto aparece diretamente na margem da
empresa. E para melhorar o desempenho, transparência e questões de
segurança da informação da área de Compras, nos últimos anos surgiram
soluções que potencializam esse desempenho, como, sistema ERP, leilão
eletrônico, e-procurement, e-sourcing, outsourcing de compras, strategic sourcing e global sourcing. Além disso, a utilização de ferramentas de gestão, como Balanced Scorecard, PDCA, Lean Six Sigma,
auxiliam a área de Compras a medir, controlar e melhorar processos.
Dessa forma, ela se torna uma das áreas-chave para o sucesso da
companhia.
*Ronaldo Matsumoto é Analista de Sourcing Senior do Mercado Eletrônico.
Fonte: https://institucional.me.com.br/2012/04/compras-area-estrategica-nas-organizacoes/
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