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sexta-feira, 13 de abril de 2012

Responsabilidade socioambiental na cadeia de suprimentos do tabaco no Brasil


Um grande número de empresas tem se preocupado em criar uma boa imagem frente à sociedade e conquistar um relacionamento duradouro com seus clientes. Sendo assim, não apenas as empresas, mas sim toda a cadeia de suprimentos do tabaco, tem incrementado atribuições de responsabilidade socioambiental para atingir seus objetivos, tendo em vista que suas atividades promovem impactos na sociedade e no meio ambiente. Uma empresa socioambiental é aquela que além de ocupar uma postura ética faz mais do que a lei prevê nas suas dependências entorno de sua região, microregião e macroregião, buscando o bem estar dos indivíduos e do ambiente.
O ramo da produção do tabaco apresenta uma cadeia de suprimentos complexa, relevante e contestada socialmente por entidades brasileiras, pois além de envolver atividades nos três setores econômicos, atinge o consumidor final com um produto de ampla contestação, em face dos problemas de saúde que tem acarretado a seus usuários. Dessa forma, muitas vezes se torna difícil a visualização de uma postura de responsabilidade socioambiental em uma cadeia de suprimentos do tabaco.
Segundo Poirier e Reiter a cadeia de suprimentos pode ser sumariamente apresentada por meio de cinco grandes elos: as fontes, os fornecedores, os fabricantes, os distribuidores/varejistas e os consumidores. O cultivo do fumo envolve a utilização de um alto volume de agrotóxicos, que se torna extremamente nocivo para a natureza e principalmente para os seres humanos, em especial os produtores, os quais muitas vezes fazem uso de modo inadequado destes produtos. Segundo estudos de Torres (2006), a fumicultura ficou entre os cinco cultivos de maior uso de pesticidas por hectare no Brasil. Não apenas os agrotóxicos, mas também a própria exposição dos agricultores à nicotina durante a colheita da folha de fumo traz grandes riscos a saúde. Para amenizar e mudar esses aspectos negativos do cenário, as indústrias de tabaco têm disponibilizado aos produtores cursos de orientação e conscientização para uma produção livre de impurezas e toxidade, como também tem acompanhado os produtores e prestado consultorias durante o cultivo.  
A indústria do tabaco faz intensas campanhas de marketing, uso de poder econômico nos tribunais e ações de lobby junto aos governos, o que acaba impedindo restrições mais eficazes quanto às conseqüências negativas do produto. A comunicação de marketing das indústrias do setor tem atuado de forma agressiva com os consumidores e tem sido pouco transparente com a mídia sobre os efeitos nocivos de seus produtos. As indústrias do setor têm desenvolvido projetos corporativos para evitar o acesso ao consumo de cigarro pelos menores, atividades de alfabetização de adultos e prevenção à erradicação do trabalho infantil. Mas segundo Bueno (2005) esses trabalhos para uma atuação sustentável parecem contraditórios, pois essas indústrias trabalham com um produto prejudicial à saúde.
Mesmo com uma extensa legislação que proíbe a venda do tabaco em estabelecimentos de ensino e saúde, via internet, a menores de idade e fracionada, o cigarro ainda é vendido em lugares não exclusivos. Muitas vezes os pontos de venda desse produto são padarias, lanchonetes e bares, onde o produto está exposto ao lado de chocolates e balas, não cumprindo uma postura de dificultar a venda para menores de 18 anos.  
O hábito de fumar está ligado à obtenção de status, prazer, aceitação social ou desafio de usos e costumes. O ato de fumar em quaisquer ambientes tem contribuído com o surgimento de diversas doenças ligadas ao sistema respiratório e cardiovascular, e não somente nos fumantes, mas também nos fumantes passivos. São inúmeras as tentativas do governo em reduzir o consumo de tabaco, as quais se traduzem em leis cada vez mais rígidas, como por exemplo: proibição de propaganda em meios de comunicação de massa e a inclusão na embalagem do produto de advertências sobre seus malefícios.            
Percebe-se que as indústrias de tabaco direcionam grandes esforços em trabalhos para tentar “cobrir” esses aspectos negativos criados e presentes na cadeia de suprimentos do tabaco, e acabam não trabalhando os pontos críticos, o que na verdade é muito complicado e delicado de ser feito. Dessa forma, existe uma tentativa, por parte das indústrias de tabaco, de ilustrar uma cadeia de suprimentos responsável socioambientalmente, que acaba sendo fortemente questionado. Esse conceito aplicado à cadeia de suprimentos do tabaco acaba sendo contraditório, pela própria natureza lesiva do produto em toda cadeia produtiva.   

Referências:  


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